Unimed-Rio tem prejuízo e negocia venda de hospital
Em 2014, cooperativa, que possui mais de 1,1 milhão de usuários, teve prejuízo de R$ 198,6 mi. Esse foi o primeiro resultado negativo desde 2002
Valor Econômico
Rio de Janeiro - A Unimed-Rio está negociando a venda do seu hospital, localizado na Barra da Tijuca. Até o momento, três grupos demonstram interesse na compra. Entre eles estão a Rede D'Or e fundos de private equity nacionais e estrangeiros. As informações são do Valor Econômico.
Alfredo Cardoso, novo superintendente geral da Unimed-Rio, não revelou o nome dos potenciais compradores, mas afirma que há três interessados discutindo valores. Ainda segundo Cardoso, poderá ser uma venda total ou parcial e a transação deverá ser fechada em até 90 dias.
Em novembro de 2014, quando as primeiras informações relacionadas à venda do hospital surgiram no mercado, a Rede D'Or negou que estava envolvida nas negociações. Na época, a venda era estimada em R$ 500 milhões. Em janeiro, com a aprovação da lei que permite capital estrangeiro em hospitais, o ativo foi valorizado e a Unimed-Rio negocia com os interessados um preço pelo menos 30% superior. Além da legislação, a cooperativa argumenta que o hospital está situado na Barra da Tijuca, onde aproximadamente 50% dos moradores têm planos de saúde e a valorização imobiliária no último ano foi de 20%.
Inaugurado em 2012 com investimento de R$ 300 milhões, o Hospital Unimed-Rio, voltado a procedimentos de média e alta complexidade, deixou de ser um negócio interessante para a cooperativa. O hospital, segundo Cardoso, que até em novembro era executivo da Amil, é um ativo que demanda investimentos altos e constantes, sofre depreciação que impacta o resultado da operadora e não pode ser colocado como garantia nas provisões exigidas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Cardoso explica que, quando o hospital foi idealizado, o mercado era outro e a Unimed-Rio não tinha experiência com rede própria. Atualmente, há no país players da área imobiliária que fazem, por exemplo, o leaseback - mecanismo que permite à empresa vender seu imóvel e firmar um contrato de aluguel de longo prazo com o comprador para manter sua utilização.
O caminho encontrado pela Unimed-Rio para aliviar a situação financeira foi a venda do hospital. Em 2014, a cooperativa médica, que possui mais de 1,1 milhão de usuários, teve prejuízo de R$ 198,6 milhões, e esse foi o primeiro resultado negativo desde 2002.
E por se tratar de uma cooperativa, até o final do ano os 5,3 mil médicos associados ativos da Unimed-Rio terão que arcar com a perda e fazer um aporte para cobrir o déficit. Em 2012, para levantar R$ 67 milhões, a Unimed Paulistana acionou 2,5 mil cooperados.
Os cooperados continuarão obrigados a assumir o prejuízo, mesmo com os recursos levantados com a venda do hospital. Em 2014, a Unimed-Rio ficou com caixa negativo de R$ 164 milhões e o patrimônio líquido caiu 64%, para R$ 108,4 milhões.
A forma como será feita a capitalização na cooperativa do Rio só será definida a partir de uma nova assembleia, que será realizada em aproximadamente dez dias. Na última terça-feira, a reunião marcada para eleger o conselho fiscal e apresentar o balanço de 2014 foi marcada por uma forte confusão. Após 17 anos, a chapa de oposição do presidente da Unimed-Rio, Celso Barros, venceu a eleição do conselho fiscal.
De acordo com Eduardo Costa, médico que assumirá o conselho fiscal em abril, há falta de transparência. "Só temos acesso aos números uma vez por ano. O endividamento cresceu muito e agora temos essa capitalização para cobrir o prejuízo", disse.
Há 21 anos à frente da Unimed-Rio, Barros tem sido alvo de críticas da oposição, que questiona estratégias como os investimentos no hospital e em centros de atendimento, que demandaram R$ 650 milhões, além do patrocínio de 15 anos do Fluminense.
As informações são do Valor Econômico.